sexta-feira, 9 de março de 2012

Cruzeirense conhece a cultura alemã

A oportunidade de cuidar de crianças, o Au Pair, possibilita um "mergulho" cultural na Alemanha


       Ao desembarcar na cidade de Ehingen, no sul da Alemanha, o cruzeirense Orestes Josué Mallmann, 19, se deparou com um inverno com mínimas de 26 graus negativos. Enquanto isso, sua família que vive da agricultura em São Bento, encarava temperaturas superiores a 40°C.
      O dia 9 de fevereiro marcou o início de sua aventura na Europa, em busca de suas raízes e de aperfeiçoar os conhecimentos no idioma alemão. O cenário é propício. O país mistura a modernidade com o culto a história como poucos no mundo.
      A oportunidade de um ano é condicionada ao trabalho de Au Pair, a língua alemã, que aprendeu em casa como primeiro idioma, era uma das exigências do emprego. Ele cuida de um garoto de 9 anos e ajuda em serviços gerais na casa de seus hospedeiros. Para encarar a aventura, o jovem interrompeu o curso de história na Univates, iniciado após servir ao Exército Brasileiro, em São Gabriel.
      Considera que vale a pena, pois a proximidade com suas origens e a possibilidade de estudar o idioma serão úteis quando regressar ao Vale do Taquari. No futuro ele quer trabalhar com genealogias, por conta própria há 4 anos, uma de suas paixões é pesquisar as ramificações e origens de famílias da região. A paixão pela história começou quando sua professora trouxe na sala de aula um antigo jornal.
      Nele havia a mesma foto que sua família possuía sem saber quem era. “Comecei a pesquisar e descobri que era meu trisavô, depois disso, não parei mais.” Mesmo de longe, segue contribuindo com a montagem e postagens do blog Abrindo o Baú (www.abrindobaudoschierholt.blogspot.com), produzido em colaboração com o historiador José Alfredo Schierholt. Outro fruto da colaboração é a pesquisa sobre cemitérios abandonados publicada no A Hora, em 2011. 

Valorizar o idioma
      A pausa para viver na Europa por um ano não significa inatividade. Desde o início do mês, enquanto o menino que cuida está na escola, realiza um curso de alemão e planeja um roteiro de viagens que inclui cidades européias e o Egito. Mallmann conta desde a chegada dos imigrantes alemães ao Brasil, a língua apenas incorporou vocábulos em português, mas não se modernizou. “Muitas vezes quando converso com pessoas aqui na Alemanha, elas respondem que minhas palavras são antigas, as mesmas que seus avós usavam.”  
      Aos poucos sua pronúncia e vocabulário têm melhorado, isso facilita seu contato com as pessoas, “sempre muito educadas”, e a movimentação pela Europa, quase toda interligada por metrô, nos momentos de folga. Na metade do ano, quando terá mais conhecimento da língua alemã, planeja iniciar a pesquisa sobre seus ancestrais.
      Para se divertir, Mallmann encontra outros Au Pairs brasileiros e juntos visitam pontos turísticos e degustam a gastronomia local. Tudo bastante temperado. “Uma das coisas que mais me impressiona, é a coleta do lixo, tudo aqui é muito organizado”, diz. A tecnologia possibilita que faça contato todos os dias com a família por meio de redes sociais, o que reduz a saudade.
      O jovem salienta a importância da valorização da língua alemã, principalmente no Vale do Taquari, e buscar as possibilidades que o seu conhecimento oferece, entre elas o trabalho de Au Pair. “Não tenham vergonha de falar alemão.”



Publicado em: Jornal A HORA do Vale - 9, 10 e 11 de Março de 2012.

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